Notícias

Início / Notícias

Microglossum atropurpureum

Microglossum atropurpureum © Susana Cunha

Mais de 1000 espécies de fungos na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, com participação da Universidade de Coimbra

A nova atualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (International Union for the Conservation of Nature) revela um marco histórico: mais de 1000 espécies de fungos estão agora oficialmente avaliadas, confirmando que a desflorestação, expansão agrícola e desenvolvimento urbano estão a conduzir muitas espécies à extinção em todo o mundo.

Atualmente, a Lista Vermelha da IUCN inclui 169 420 espécies de animais, plantas e fungos, das quais 47 187 estão ameaçadas de extinção. Com a adição de 482 espécies de fungos recentemente avaliadas, o número total de fungos na Lista Vermelha eleva-se agora para 1300, sendo que pelo menos 411 estão em risco de extinção.

“A vida na Terra depende dos fungos, mas até agora eles têm sido largamente ignorados. Graças à dedicação de cientistas e cidadãos cientistas ao longo da última década, mais de 1000 das 150 000 espécies de fungos conhecidas no mundo foram agora avaliadas para a Lista Vermelha da IUCN. Este conhecimento deve ser aproveitado para proteger o reino único dos fungos, cujas redes subterrâneas sustentam os ecossistemas em todo o mundo”, afirmou a Dra. Grethel Aguilar, Diretora-Geral da IUCN.

O MyCoLAB do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra (UC) – uma das unidades de investigação do Laboratório Associado TERRA – participa neste esforço coletivo, sendo responsável pela avaliação do risco de extinção de mais de 80 espécies de fungos, das quais cerca de 60 foram publicadas nesta atualização. Desde 2019, o MyCoLAB tem avaliado espécies de fungos para a Lista Vermelha da IUCN, com particular ênfase em grupos de fungos específicos e no desenvolvimento de ferramentas para acelerar a inclusão destes organismos na Lista Vermelha.

“Continuam a ser urgentemente necessárias mais avaliações para identificar e mitigar os riscos de extinção enfrentados pelos fungos”, afirmou Susana P. Cunha, investigadora do MyCoLAB e envolvida em análises compreensivas do risco de extinção de fungos. A redução e degradação contínuas do habitat, especialmente nas florestas mediterrânicas, ameaçam espécies raras como o boleto Cyanoboletus poikilochromus, agora classificado como ‘Vulnerável’.

A coordenadora do MyCoLAB e investigadora TERRA, Susana C. Gonçalves, destaca que a conservação dos fungos é essencial: “Com um número estimado de 2,5 milhões de espécies, das quais cerca de 155 000 foram descritas cientificamente, os fungos desempenham papéis fundamentais nos ecossistemas. A perda destes organismos implica a perda de serviços ecológicos essenciais como a decomposição da matéria orgânica, o suporte à fertilidade do solo e o sequestro de carbono.”

Em Portugal, ainda não foram realizadas avaliações nacionais específicas para os fungos. Contudo, o MyCoLAB alerta para a urgência de incluir estes organismos em instrumentos de legislação nacional de proteção da biodiversidade, como o Cadastro dos Valores Naturais Classificados. O projeto ilustra que áreas urbanas e periurbanas ainda contêm habitats valiosos para a biodiversidade e sublinha a importância de proteger e gerir adequadamente esses refúgios naturais.

Notícias relacionadas

Siga-nos!

Partilhe esta notícia: