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Melro a comer um fruto de palmeira das Canárias
© Sara Mendes
Uma investigação publicada na revista New Phytologist, liderada por investigadores do Centro de Ecologia Funcional (CFE) e do Laboratório Associado TERRA, demonstrou o papel das aves dispersoras de sementes na luta das plantas contra as alterações climáticas, mas alerta para o risco de propagação de espécies exóticas.
A ilha de Tenerife, nas Canárias, é o ponto mais alto do Oceano Atlântico, tendo sido o local de estudo dos investigadores do CFE/TERRA, Sara Mendes e Rúben Heleno, na observação do papel que as aves têm na dispersão de espécies de plantas para altitudes superiores aquelas onde habitualmente se encontram.
De acordo com os autores, um dos resultados mais importantes foi terem encontrado sementes de onze espécies de plantas a ser dispersadas pelos animais (nos seus excrementos) para altitudes superiores àquelas onde as plantas adultas atualmente existem.
“Os resultados que obtivemos indicam que os dispersores de sementes conectam os diferentes pisos de vegetação, comendo frutos e dispersando sementes viáveis ao longo de ‘corredores’ que vão da praia ao cume da montanha. Desta forma, permitem que as próximas gerações de plantas consigam germinar e crescer em altitudes mais elevadas, escapando às duras alterações climáticas nas zonas mais baixas (sujeitas a mais seca e calor)”, revela Sara Mendes, primeira autora do estudo.
Embora a dispersão das sementes seja uma forma de manutenção de espécies de plantas que, caso contrário, estariam sob ameaça devido às alterações climáticas, colocam também em risco a conservação de ecossistemas onde plantas exóticas não existiam anteriormente, nomeadamente em regiões montanhosas.
O estudo destaca, assim, a importância de proteger os animais dispersores, essenciais para a sobrevivência das plantas num clima em mudança, e reforça a urgência de controlar a propagação de espécies exóticas. “Proteger os dispersores de sementes e investir em estratégias de conservação para mitigar a invasão de espécies exóticas são passos cruciais para salvaguardar a integridade dos ecossistemas montanhosos”, reforçam os autores.
Para saber mais e ler o artigo científico “Climb forest, climb: Diverse disperser communities are key to assist plants tracking climate change on altitudinal gradientes”, pode aceder a este link: https://nph.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/nph.20300
Fonte: noticias.uc.pt
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DOI 10.54499/LA/P/0092/2020
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DOI 10.54499/LA/P/0092/2020