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Na semana em que se assinalou o Dia Mundial do Solo, os investigadores do TERRA Nuno Cortez (CEF) e Helena Freitas (CFE) destacam a importância da proteção dos solos e levantam preocupações sobre a má gestão dos solos que ameaça a sustentabilidade ambiental.
No âmbito do Dia Mundial do Solo, a jornalista Eduarda Maio convidou o investigador do Centro de Estudos Florestais (CEF) / Laboratório Associado TERRA, Nuno Cortez, para falar sobre o solo, “um dos recursos naturais mais silencioso que existe”, no seu programa da Antena 1 TIK TAK. Foi abordada a crise dos solos, destacando a importância do solo como um recurso fundamental para a sobrevivência dos ecossistemas e da humanidade – ouvir programa aqui.
“Nos últimos anos, o solo passou a ser encarado num contexto ecológico como um elemento fundamental dos serviços dos ecossistemas”, afirmou o investigador do CEF/TERRA Nuno Cortez. O investigador abordou as funções essenciais que o solo desempenha, como o fornecimento de água e nutrientes para as plantas, a regulação de ciclos naturais, a filtragem de água e o seu papel como reserva de biodiversidade. Inspirando-se nas palavras do antigo presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt, Nuno Cortez lembrou: “A nation that destroys its soils destroys itself”, reforçando que o futuro depende de ações concretas para proteger este recurso silencioso, mas imprescindível.
O investigador alertou para problemas graves como a perda de solo, a erosão hídrica e o declínio da matéria orgânica, problemas que estão frequentemente associados à agricultura intensiva e ao mau uso dos solos. Outro ponto crítico abordado foi a ocupação do solo em Portugal, com solos de elevada qualidade a serem frequentemente usados para construção urbana, estradas ou outras infraestruturas. “Existe construção mal distribuída, mal aplicada”, afirmou, defendendo a necessidade de uma lei que proteja os solos de melhor qualidade.
Esta preocupação é também partilhada pela coordenadora do Centre for Functional Ecology (CFE) e membro do Laboratório Associado TERRA, Professora Helena Freitas. Num comentário publicado no seu LinkedIn (ver comentário aqui), Helena Freitas critica um diploma recentemente aprovado pelo Governo que flexibiliza a lei dos solos, permitindo aos municípios libertar terrenos, nomeadamente rústicos, para construção de habitação. A investigadora acredita que esta medida trará sérias consequências para a biodiversidade, a produção alimentar e os serviços dos ecossistemas. “A construção em terrenos rústicos pode levar à perda de áreas agrícolas, florestais ou de ecossistemas valiosos, comprometendo a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas”, podemos ler no comentário.
No seu comentário publicado no LinkedIn, a Professora sugere a requalificação de edifícios abandonados e subaproveitados, a revitalização de zonas urbanas e a densificação das cidades como alternativas para responder à crise habitacional sem comprometer áreas rurais e agrícolas. E tal como Nuno Cortez partilhou no programa TIK TAK, a investigador do CFE/TERRA Helena Freitas também sublinha no seu comentário a importância de conhecer melhor os solos do território português, “mapas de aptidão do solo que identifiquem áreas críticas para conservação, agricultura e biodiversidade, priorizando a sua proteção”.
Há muito que o Laboratório Associado TERRA tem trabalhado para sensibilizar a sociedade para a importância do solo e os desafios que ele enfrenta. Um exemplo disso é a infografia temática produzida pelo TERRA sobre a seca e a desertificação, que destaca as consequências graves destes fenómenos para os ecossistemas e as comunidades – consultar infografia aqui. Através desta infografia, o TERRA procura informar sobre os impactos da desertificação e partilhar algumas medidas essenciais para combatê-la, alinhando-se com os alertas dos especialistas Nuno Cortez e Helena Freitas.
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DOI 10.54499/LA/P/0092/2020
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DOI 10.54499/LA/P/0092/2020