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No dia 22 de abril de 2025, o Dia Mundial da Terra foi celebrado na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, com um evento promovido pelo Laboratório Associado TERRA, que reuniu representantes de vários setores da sociedade, incluindo governantes, autoridades da administração pública e da administração local, além de cientistas e académicos. O evento, que teve grande adesão por parte dos membros, centrou-se em discutir os desafios ambientais contemporâneos e o papel da ciência e da filosofia na promoção de um futuro sustentável.
O programa, estruturado ao longo de toda a manhã e da tarde, proporcionou uma plataforma para a troca de conhecimento e reflexão crítica sobre o papel da ciência na abordagem das questões socioambientais. A manhã foi marcada por uma série de painéis, que contaram com a presença de especialistas das mais diversas áreas científicas. O primeiro painel, moderado pela Professora Teresa Ferreira, coordenadora do TERRA, incluiu intervenções de Ana Abreu (ISAMB), Ruben Heleno (CFE), Luís Zêzere (CEG), Manuela Branco (CEF), e David Fangueiro (LEAF), que discutiram novas abordagens científicas para enfrentar os desafios ambientais, enquanto promoveram a colaboração interinstitucional.
O segundo painel, conduzido pelo Drº Paulo Branco, CEO do TERRA, abordou as mais recentes inovações científicas e estratégias colaborativas que estão a ser implementadas pelo laboratório para responder aos desafios ambientais urgentes. A seguir, a discussão passou para o uso de serviços digitais para impulsionar a ciência, com a participação de Dulce Correia (FCCN), que apresentou como as infraestruturas digitais podem apoiar a investigação científica no contexto da sustentabilidade. O evento continuou com apresentações que destacaram o papel essencial das infraestruturas científicas no avanço da investigação socioambiental, com intervenções de António Gouveia (CFE), Joana Cardoso da Costa (CFE) e Gonçalo Duarte (CEF), que defenderam a necessidade de fortalecer a colaboração entre as várias disciplinas científicas.
Na parte da tarde, o foco voltou-se para a filosofia e o pensamento ecológico, com a apresentação do livro Gaia e Filosofia, de Lynn Margulis e Dorion Sagan, que trouxe uma reflexão profunda sobre a interdependência dos sistemas vivos e a urgência de redefinir a relação entre a humanidade e o planeta. Dorion Sagan abordou o impacto da teoria de Gaia no pensamento ecológico moderno e a sua importância para o desenvolvimento de novas práticas ecológicas. A Professora Teresa Ferreira e Patrícia Azevedo da Silva (Fora de Jogo) também participaram do painel, discutindo como as ideias de Gaia podem ser aplicadas no contexto atual para promover políticas públicas mais eficazes em termos ambientais. A moderação foi realizada por Ricardo Santos (ISAMB/TERRA), que guiou os participantes num debate profundo sobre as implicações filosóficas da teoria de Gaia na ciência e na sociedade.
O Dia da TERRA foi assinalado pelos meios de comunicação, destacando-se três publicações que sublinham a sua relevância: um artigo do Público, com iniciativas sustentáveis para celebrar a data 22 de abril, o blogue de cultura contemporânea africana Dá Fala, que destacou a figura de Lynn Margulis e a importância do pensamento ecológico, e o Jornal do Fundão, com uma reflexão por Helena Freitas sobre o compromisso coletivo com o futuro do planeta.
Helena Freitas, investigadora do TERRA, refletiu sobre a importância histórica do movimento iniciado em 1970 com o primeiro Dia da Terra, destacando que, apesar dos progressos feitos desde então, o espírito de urgência que motivou o movimento permanece mais relevante do que nunca. Para a investigadora, a crise climática representa não apenas um risco ambiental, mas também um desafio social e político, sendo necessária uma abordagem holística que integre justiça social com sustentabilidade. Nas suas palavras, “não há justiça climática sem justiça social”, enfatizando que as cidades precisam de adaptação urgente e de políticas públicas que promovam infraestruturas resilientes e soluções baseadas na natureza.
A crise climática foi identificada como o maior desafio da atualidade, com consequências que ultrapassam fronteiras geográficas e sociais, afetando de forma mais severa aqueles que menos contribuíram para o problema. A discussão ressaltou que a transformação necessária exige mais do que ações individuais, requerendo uma mobilização coletiva para adotar soluções circulares, regenerativas e sustentáveis. Helena Freitas alertou ainda para uma outra crise, mais silenciosa, mas igualmente perigosa: a erosão da confiança nas instituições e a crescente sensação de impotência perante a magnitude dos problemas ambientais. A investigadora destacou que, para enfrentar a crise climática, é imperativo restaurar a confiança nas instituições e incentivar uma ação conjunta e colaborativa.
O evento contou também com a presença de vários representantes do governo e da administração pública, que reconheceram a relevância das discussões e a necessidade de uma ação conjunta entre os diversos setores da sociedade. Durante o evento, ficou evidente que a mobilização política e a colaboração científica são cruciais para enfrentar os desafios ambientais e garantir um futuro mais resiliente e justo para as próximas gerações. Este Dia Mundial da Terra reforçou a importância de continuar a intervir por um planeta mais sustentável, em consonância com os princípios de justiça social e ambiental. O evento, que foi amplamente apreciado pelos participantes, demonstrou que a colaboração entre a ciência, a filosofia e os diferentes setores da sociedade é fundamental para promover soluções eficazes para a crise ambiental. A grande adesão ao evento e as discussões intensas e construtivas evidenciaram o compromisso crescente da comunidade científica e da sociedade em geral com a proteção do planeta e a criação de um futuro mais sustentável.
Reveja neste vídeo alguns dos momentos deste encontro:
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DOI 10.54499/LA/P/0092/2020
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DOI 10.54499/LA/P/0092/2020