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Acacia longifolia © Sergio Chozas site flora.on

Cientistas em Portugal confirmaram a segurança do uso da vespa australiana no combate à disseminação da acácia, uma planta invasora que tem afetado ecossistemas locais

O estudo, liderado por Francisco López-Núñez, investigador do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), envolveu a análise de 154 espécies de plantas, cerca de 45 mil galhas e 11 mil insetos ao longo do litoral centro de Portugal. A investigação também se concentrou na construção e análise de redes tróficas complexas entre plantas, galhas e parasitóides, permitindo uma avaliação aprofundada dos efeitos diretos e indiretos da vespa no ecossistema. Os resultados confirmaram que o uso deste agente biológico pode ser uma solução eficaz e ecológica para controlar a acácia, sem comprometer a biodiversidade local.

A acácia, originária da Austrália, invadiu de forma descontrolada várias regiões do país, comprometendo a biodiversidade local e alterando a composição das vegetações autóctones. O uso da vespa australiana, Trichilogaster acaciaelongifoliae, visa conter a invasão, uma vez que este inseto se alimenta das sementes da acácia, ajudando a controlar a sua proliferação. O estudo utilizou uma metodologia inovadora, combinando redes de interação entre espécies com um desenho experimental antes-depois-controlo-impacto, para avaliar os efeitos diretos e indiretos da introdução da vespa. Os resultados indicam que a utilização do agente biológico é eficaz na redução da densidade da planta invasora, sem causar danos significativos aos ecossistemas locais ou às espécies nativas, comprovando que o controlo biológico pode ser uma solução segura e eficaz para o problema das espécies invasoras.

O Laboratório Associado TERRA, que se tem destacado no estudo e gestão de questões ambientais, acompanhou de perto o progresso deste estudo, que se insere nas suas linhas de investigação sobre a restauração ecológica e o controlo de espécies invasoras. O sucesso da investigação destaca a importância de abordagens científicas integradas para lidar com os desafios ambientais atuais. A colaboração entre as instituições académicas e científicas envolvidas tem sido fundamental para garantir que as práticas de controlo sejam seguidas de perto e adaptadas às necessidades ecológicas locais.

O estudo, que apresenta resultados promissores para o controlo da acácia em Portugal, é um reflexo da importância de alternativas sustentáveis ao uso de herbicidas ou outras soluções químicas, que podem prejudicar o equilíbrio ecológico. A vespa australiana, ao ser introduzida de forma controlada, tem mostrado uma redução significativa na população de acácia, permitindo a recuperação da vegetação nativa e a restauração das condições ecológicas do habitat. A investigação demonstrou que a vespa Trichilogaster acaciaelongifoliae pode ajudar a combater a planta invasora sem gerar efeitos negativos no ambiente, o que reforça a viabilidade do controlo biológico como uma prática sustentável.

No entanto, os investigadores alertam para a necessidade de um acompanhamento contínuo da introdução da vespa, uma vez que a introdução de espécies, mesmo aquelas com potencial para controlo biológico, deve ser feita com precaução para evitar desequilíbrios ecológicos a longo prazo.  Esta investigação é um exemplo claro de como a ciência e a inovação podem ser aplicadas de forma eficaz no combate aos problemas ambientais. Fornecendo não só uma solução concreta para o controle da acácia, mas também demonstrando a importância de uma abordagem integrada que leva em consideração as interações entre as espécies e os impactos no meio ambiente. A colaboração entre as universidades, centros de investigação e o Laboratório TERRA reflete a importância da investigação colaborativa na procura de soluções sustentáveis que protejam a biodiversidade e o equilíbrio ecológico em Portugal. O sucesso deste estudo oferece uma nova perspectiva sobre o uso do controlo biológico e abre caminho para novas abordagens na gestão de espécies invasoras, não só em Portugal, mas também em outras regiões do mundo que enfrentam problemas semelhantes com plantas invasoras.

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