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Ainda que a confiança nos cientistas seja alta, as ameaças persistem

Estudo mundial com participação do investigador Ricardo Santos, do Laboratório TERRA, revela que a confiança nos cientistas é sólida em 68 países. Porém, sinais de alerta como desinformação e perceções de falta de independência exigem maior comunicação e aproximação da ciência com a sociedade.

A confiança nos cientistas permanece elevada à escala global, como revela um estudo recente realizado com o apoio de 68 países, envolvendo quase 72 mil pessoas. Apesar do otimismo que esses resultados podem inspirar, há sinais de alerta que não podem ser ignorados. Publicado na revista Nature Human Behaviour, o estudo liderado por Viktoria Cologna (Universidade de Harvard) e Niels Mede (Universidade de Zurique) indica que o índice médio de confiança nos cientistas é de 3,62 (numa escala de 1 a 5), valor próximo ao observado em Portugal (3,57).

Embora se refute a ideia de uma crise de confiança global nos cientistas, os dados mostram desafios significativos. Quase metade dos inquiridos (43%) não considera os cientistas honestos, enquanto 44% acredita que eles não estão suficientemente preocupados com o bem-estar da sociedade. Além disso, a desinformação apresenta-se como uma ameaça crescente, destacada no Relatório de Riscos Globais 2025 do Fórum Económico Mundial como o maior risco imediato. O coordenador do inquérito em Portugal, Ricardo Santos – investigador da Universidade de Lisboa e membro do Laboratório Associado TERRA – considera que “apesar dos números positivos, as ameaças são reais. A confiança pública depende, em grande parte, do envolvimento ativo dos cientistas com a sociedade e da transparência na comunicação científica.”

Mais de 80% dos participantes destacaram a necessidade de os cientistas comunicarem melhor com a população e de se envolverem diretamente na definição de políticas públicas. No entanto, o mesmo estudo revela um desalinhamento entre as prioridades percebidas da ciência e os desejos da sociedade. Enquanto o público espera que a ciência se concentre na saúde pública, energia renovável e combate à pobreza, há uma crescente perceção de que os cientistas priorizam áreas como tecnologia militar e defesa.

O Laboratório Associado TERRA reforça que a confiança nos cientistas é um recurso valioso que deve ser preservado. Isso requer um investimento estratégico em comunicação científica, alinhamento entre as prioridades da ciência e as necessidades sociais, e um compromisso renovado com a transparência e a ética na investigação. Para preservar e fortalecer a confiança pública na ciência, é essencial que cientistas, governos e instituições trabalhem juntos para enfrentar essas ameaças.

Notícia completa acessível para assinantes em  publico.pt.

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